Nitrato de prata monocromática
De raízes longínquas e ancestrais
Fios longos esfiam histórias
Fragmentos, partículas de memórias
Espalhando encanto e tormentos
Na borda contida, fragmentos dos tempos
De mágoas esquecidas, alegrias sentidas
Chorrilho de vivências e experiências
Resumem-se ao preto e branco
Como no Universo, ou é yin ou yang
De preto e branco, vestindo Prada
Guernica de linhas cruzadas
Intrínsecas, ilegíveis, escondendo
Em sentimentos sobrepostos
Factos verosímeis em cascata
Com os meus 57 anos, sinto-me maravilhosa e estonteada com os fios brancos no topo da minha cabeça, declaradamente mostrando ao Mundo, as experiências da vida vivida, sofrida, sentida, curtida… e mais um imensidão de adjetivos de chorrilham pela minha existência terrena, alavancando sabedoria e acumulando conhecimento, em simultâneo, com algumas repetições por esquecimento, algumas falhas de memória, palavras ou nomes que teimam em não chegar no momento e a audição, que chamo ironicamente de seletiva, permitem-me perceber que o meu auge e a minha pujança já não são o que eram.
Mesmo assim, avaliando, pesando e contrapondo, … não voltaria ao auge e à pujança do passado, amo a ternura dos 50 e a vontade infinita de fazer coisas e experienciar novos desafios, nesta fase, muito além dos profissionais, desprovida de qualquer vergonha ou timidez, encontrar o Amor e amar sem reservas, procurar o desconhecido, desbravar barreiras, ultrapassar pudores, romper padrões, gritar ao Mundo o que me vai na alma, …
Recomendo: elaboração de uma lista contendo: pessoas a amar, locais a visitar, experiências a viver, livros a ler e filmes a ver, concertos a ouvir, paladares a sentir, … enfim tudo que faz sorrir
Àmagi(N)a